A ONU , através de seu Programa para o Meio
Ambiente, publicou um informe sobre a necessidade de se desenvolver
infraestruturas sustentáveis nas cidades. Os resultados mostraram que
infraestruturas "inteligentes" dispostas em zonas urbanas trazem
benefícios econômicos e ambientais. No obstante, a parte mais
interessante do informe é a descrição detalhada de 30 projetos de várias
partes do mundo com modelos e sistemas que podem ser imitados. Vários
destes casos estão centrados em inovações que ultimamente tem chamado
atenção, tais como o exitoso teleférico em Medelín, a conversão de uma
rodovia urbana em parque para pedestres em Seul, e a preocupação com o
clima em Portand. Mas existem outras ideias que vale a pena conhecer
melhor.
A seguir apresentamos cinco casos citados pelo parecer da ONU.
Masdar : A cidade "carbono zero" no deserto.
No
sul de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, estão sendo construída
Masdar, uma cidade que não emitirá emissões de carbono, de modo a
compensar as emissões causadas pela exploração de combustíveis fósseis
que ocorre na região. Os edifícios serão envoltos por painéis solares e
serão implantados na angulação mais eficiente para captar a energia do
vento. O sistema de transporte será em vias exclusivas para veículos
particulares que funcionarão com energia elétrica. A água pode ser
reciclada e os resíduos serão utilizados como fertilizante e fontes de
energia.
Frente a todos estes benefícios que outorgaria a cidade,
críticos duvidam das ambições do projeto e seu verdadeiro impacto
ambiental, uma vez que consideram a ideia "muito enigmática". No
entanto, o relatório da ONU considera Masdar "um exemplo de como
garantir o investimento em uma visão sustentável".
Vias exclusivas para ônibus públicos em Lagos
Lagos,
na Nigéria, pode ser uma das maiores novas cidades da África, apesar de
até há pouco tempo atrás não contar com um sistema de transporte
organizado. Em resposta, as autoridades colocaram em prática o sistema
"BRT-Lite", com o propósito de diminuir o trânsito e proporcionar um
modo de transporte alternativo aos às classes mais pobres. Devido ao
orçamento que não permitia construir pistas exclusivas para os ônibus,
os projetistas utilizaram marcações sobre as pistas existentes para
oferecer ao menos alguma diferenciação entre as diferentes vias. De
acordo com o informe, estima-se que o sistema "BRT-Lite" transporta
cerca de 25% dos passageiros da cidade em apenas 4% do número total de
veículos.
Växjö: Livre de combustíveis fósseis
Växjö,
uma cidade com 82.000 habitantes no sul da Suécia, começou em 1996 um
programa livre de combustíveis fósseis cujo objetivo é eliminar as
emissões deste tipo de combustível até 2030. A iniciativa conseguiu teve
muita aceitação quanto à calefação das casas, tendo em vista que há
alguns anos atrás a cidade subsidiou a conversão dos edifícios antigos
aquecidos com combustíveis de petróleo para o sistema que utiliza
biomassa. Hoje em dia, cerca de 90% do combustível para calefação vem da
combustão de madeira. No entanto, as emissões do transporte foram mais
que um desafio, segundo o informe da ONU. Enquanto que as autoridades da
cidade trataram de persuadir os habitantes a adquirir carros de baixo
consumo - oferecendo subsídios de compra e estacionamento gratuito - o
objetivo é que os habitantes optem pelo transporte coletivo.
Incentivos para reciclagem - Curitiba
A
cidade de Curitiba é conhecida por seu sistema de ônibus com vias
exclusivas, mas algumas de suas medidas de sustentabilidade mais
impressionantes foram originadas em programas de gestão de resíduos.
Grande parte deste êxito se deve ao fato da comunidade ter recebido
incentivos para reciclar, já que as autoridades entregaram passagens de
ônibus em troca de bolsas de resíduos, produtos de hortifruti e
materiais para reciclagem. Ao centrar as campanhas de publicidade nas
crianças, a cidade espera fomentar a conservação no futuro. Embora ainda
haja um problema com catadores de lixo informais, estas iniciativas de
gestão de resíduos estenderam consideravelmente a vida dos aterros em
Curitiba.
As mudanças no trânsito em Bangkok
Após
a construção da sua primeira rodovia em 1981, Bangkok descobriu a lei
fundamental do trânsito nas estradas: mais quilômetros destas significam
mais tráfego. Finalmente, depois de anos de luta contra o problema, a
capital da Tailândia passou a adotar um sistema de metrô, que no final
de 2011 já havia meio milhão de passageiros diários e quatro linhas em
construção. As residências se deslocaram juntamente com o transporte,
segundo informe da ONU, cada vez mais voltado às camadas populares. A
transição não é um completo êxito, mas a importância do transporte
público para o futuro da cidade é mais clara que nunca.
Fonte: Por Constanza Martínez Gaete via Plataforma Urbana. Tradução Archdaily Brasil.